14 de out. de 2013

Genesis in Little Pieces


Falar de Genesis aqui no SM tem que ter cuidado, pois há vários especialistas no assunto. Mas vou me arriscar, pois sou um grande fã desta maravilhosa banda. O Genesis apresenta quatro momentos bem distintos, que vou organizar aqui, baseado em pesquisas rápidas na Internet e minha opinião.

1 - Início: A banda foi formada em 1967, quando os seus fundadores Peter Gabriel, Mike Rutherford e Tony Banks ainda estudavam na Charterhouse School em Londres. Com Anthony Phillips (guitarra) e Chris Steward (bateria), gravaram seu primeiro álbum "From Genesis to Revelations", em 1968, depois de fazerem um acordo com Jonathan King, um compositor e produtor. A banda gravou uma série de músicas refletindo o estilo pop leve dos Bee Gees. O álbum não foi bem e a banda sentindo-se manipulada por King disse-lhe que tinham se separado, para conseguirem quebrar o contrato que tinham com ele.  Acabaram por fazer outro contrato com a Charisma Records. Devido às atuações ao vivo, a banda começou a ser conhecida por melodias hipnóticas, que eram muitas vezes também, escuras, assombradas e com uma sonoridade medieval. Anthony Philips deixou a banda em 1970 logo após o lançamento de Trespass devido a discordâncias quanto ao rumo que a banda estava a seguir e a episódios de medo do palco.

File:Genesis 1967 lineup.jpg

2 - Era Peter Gabriel: A partida de Phillips foi bastante traumática para Banks e Rutherford que devido a Phillips ser um membro fundador, tinham dúvidas se deveriam ou não continuar sem ele. Eventualmente os restantes membros reuniram-se renovando o compromisso com os Genesis. Steve Hackett e Phil Collins juntaram-se ao grupo após terem respondido a anúncios no Melody Maker e realizado audições com sucesso. Em 1971 editam Nursery Cryme. Em 1972 é editado o álbum Foxtrot que continha a faixa de 23 minutos “Supper’s ready” e “Watcher of the skies” inspirado em Arthur C. Clarke; a reputação dos Genesis como compositores e intérpretes sai solidificada. A presença em palco extravagante e teatral de Peter Gabriel que envolvia numerosas mudanças de vestuário e histórias surreais contadas como introdução para cada música, fizeram da banda uma das mais faladas no princípio dos anos 1970, principalmente no que dizia respeito a espetáculos ao vivo. Selling England by the Pound, editado em 1973, é aplaudido tanto pela crítica como pelos fãs, considerado como o seu melhor trabalho. Clássicos como “Firth of Fifth” e “Cinema Show” seriam peças fundamentais nos concertos da banda durante muitos anos. A banda rapidamente se aventurou num projeto muito mais ambicioso, o álbum conceitual The Lamb Lies Down on Broadway, que foi editado em Novembro de 1974. E esta, em minha opinião, é a formação mágica, o Genesis original, e este ábuns acima citados, são o seu legado. Trabalhos posteriores da banda, ou carreiras solo, não são tão grandiosos e perfeitos como essas obras primas.


3 - Era Pós Peter Gabriel: Peter Gabriel deixou a banda em 1975 logo após a divulgação de The Lamb Lies Down in Broadway por se sentir cada vez mais separado da banda, tendo o seu casamento e o nascimento do primeiro filho ajudado a aumentar essa tensão pessoal. Os outros membros do grupo fizeram praticamente todas as músicas do álbum, tendo Gabriel limitado-se a escrever a história e as letras sozinho. O primeiro álbum solo de Gabriel, Peter Gabriel I de 1977 continha “Solsbury Hill”, uma alegoria à sua saída dos Genesis. Após considerarem vários substitutos para Gabriel, decidiram que Phil Collins iria substituí-lo, mudando assim a forma da banda de um quinteto para um quarteto. Para surpresa de muita gente, Collins provou ser o vocalista ideal para a banda, já que havia quem achasse que a banda cairia na miséria sem Peter Gabriel. A Trick of the Tail e Wind and Wuthering, editados com um ano de intervalo um do outro, foram bem recebidos na generalidade, demonstrando que os Genesis afinal eram mais do que uma banda de suporte do seu ex-líder. Bill Bruford, acabado de sair dos King Crimson, juntou-se ao grupo em 1976 como baterista e mais tarde, Chester Thompson (veterano dos Weather Report e de Frank Zappa) tomaria conta da bateria nos concertos, deixando Collins livre para o vocal. Os álbuns lançados nesta época são realmente muito bons (não se comparam aos anteriores), e seguiram uma linha de Rock Progressivo, embora mais melódicos.


4 - Era Phill Collins: Em 1977 Steve Hackett deixou o grupo. Para o seu lugar foi chamado Daryl Stuermer. A saída de Hackett refletiu no título do álbum seguinte And Then There Were Three, pois o grupo passara a ser um trio. Este álbum iniciou também outra grande alteração, com a banda a afastar-se das músicas longas e a entrar no formato mais curto e amigável para as rádios; este álbum conseguiu o primeiro single de êxito nos Estados Unidos com "Follow you follow me". Seguiu-se Duke que atingiu a platina e que trouxe mais dois grandes êxitos para a banda, "Turn it on again" e "Misunderstanding". O êxito dos Genesis pelos anos 1980 estava assegurado, embora muitos fãs da era Gabriel se sentissem alienados. Cada álbum tornava-se mais e mais comercial e as audiências aumentavam na mesma proporção. Mas na minha opinião, esta nova banda chamada Genesis, não é mais o Genesis Original... Há outras fases, porém podemos parar por aqui. O Genesis é um grande sucesso hoje, mas não se parece em nada com a banda da fase Peter Gabriel. (Deixando bem claro que essa é opinião do Véio).


A seguir, para complementar esta versão da história do Genesis, convido-os a escutar alguns álbuns:

Os dois álbuns da fase inicial:

Genesis - (1969) From Genesis To Revelation


Genesis - (1970) Trespass

Dois shows da fase Peter Gabriel:

Genesis - BBC in Concert (1972)


Genesis - (1974) Rock Theatre

Para conhecer melhor cada um dos integrantes originais do Genesis em suas carreiras solo:

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Anthony Philips: Anthony Edwin "Ant" Phillips (Londres, 23 de dezembro de 1951) é um músico da Inglaterra conhecido por sua participação na banda Genesis. Ele tocou guitarra e cantou como vocal de apoio até sua saída em 1970, seguido do lançamento do segundo álbum da banda, Trespass. Após aconselhamento médico, o músico deixou a banda por pânico de palco (apresentação em público). Nursery Cryme, o primeiro álbum da banda após a saída de Phillips, contava com duas canções da época do músico na banda, "The Musical Box" e "The Fountain of Salmacis". Em seguida, Phillips estudou música erudita e realizou gravações com Harry Williamson, Mike Rutherford e Phil Collins, entre outros. Seu primeiro álbum solo foi lançado em 1977, The Geese and the Ghost. Wise After the Event foi lançado no ano seguinte, seguido de Sides em 1979.

Anthony Phillips - (1978) Private Parts And Pieces


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Peter Gabriel: Peter Brian Gabriel (Chobham, 13 de fevereiro de 1950) é um músico do Reino Unido, um dos artistas representantes da World Music, assim como um dos seus principais incentivadores. Apesar disso, sua carreira está intimamente relacionada ao pop. Tornou-se famoso por ser o vocalista, flautista e líder da banda de rock progressivo Genesis, partindo posteriormente para uma bem sucedida carreira solo. Peter também é envolvido em diversas causas humanitárias. Apaixonado pela soul music, Gabriel foi influenciado por diferentes fontes para seu canto, incluindo Nina Simone, Gary Brooker do Procol Harum e Cat Stevens. Ele tocou flauta no álbum de Stevens Mona Bone Jakon de 1970. No entanto, as maiores influências de Gabriel vieram posteriormente: David Bowie e Syd Barrett fundador do Pink Floyd, que estavam redefinindo a cena musical britânica no final dos anos 60 e início dos anos 70.

Peter Gabriel - 1977 (1 Car)


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Mike Rutherford: Mike Rutherford (nascido Michael John Cleote Crawford Rutherford em 2 de outubro de 1950 em Guildford, Surrey) é um músico britânico. Enquanto estudava na Charterhouse School, tornou-se membro fundador da banda de rock progressivo Genesis, inicialmente no baixo, violão de 12 cordas e vocal de apoio. Posteriormente também tornou-se guitarrista. Rutherford também liderou a banda Mike and the Mechanics. A linha de baixo de Rutherford é conhecida por ser bem construída e com grande base técnica e de inovação, tendo se destacado no movimento do rock progressivo no qual o Genesis estava inserido. Rutherford também destacava-se na execução do violão de 12 cordas. Após a saída de Hackett da banda, Rutherford assumiu seu lugar como guitarrista. Seu estilo, considerado não tão técnico quanto o de Hackett, era marcado pela harmonia e criatividade. Durante turnês, o músico alternava entre o baixo e a guitarra com o músico convidado Daryl Stuermer. Durante o hiato do Genesis, Mike gravou dois álbuns solo, Smallcreep's Day e Acting Very Strange, e liderou a banda Mike and the Mechanics.

Mike Rutherford - 1980 Smallcreep's Day


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Tony Banks: Tony Banks (nascido Anthony George Banks em 27 de março de 1950, em Sussex, Inglaterra) é um compositor, letrista e tecladista britânico. Foi um dos membros fundadores do Genesis, e junto com o guitarrista e baixista Mike Rutherford foi o único a pertencer à banda desde o princípio. Banks possui formação em piano clássico, e foi autodidata ao aprender guitarra. Estudou na Charterhouse School em meados da década de 1960, na qual conheceu Peter Gabriel em 1965. Junto com o baterista Chris Stewart eles formaram a banda The Garden Wall. Ela foi fundida com a banda Anon, que incluia Mike Rutherford e Anthony Phillips. Gravaram alguns demos que acabaram conduzindo a formação do Genesis. Os solos elaborados, com timbragens de órgão Hammond, Mellotron e diversos sintetizadores menos conhecidos, juntamente com o uso de progressões harmônicas nas composições são as marcas mais fortes da musicalidade de Banks. Embora não seja tão citado quanto os colegas Rick Wakeman ou Keith Emerson, o talento de Banks deu estatura não só ao som do Genesis, mas ao estilo que foi cunhado pela imprensa britânica como rock progressivo. Algumas de suas composições mais características são Firth of Fifth, The Cinema Show e Home by the Sea, que ajudaram a estabelecer a identidade sonora do Genesis. Após a saída de Gabriel e Hackett, Banks foi o primeiro dos três remanescentes a lançar um álbum solo, entretanto, não atingiu grande sucesso de público como Mike Rutherford e Phil Collins.

Tony Banks - A Curious Feeling (1979)


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Steve Hackett: Stephen Richard Hackett (12 de fevereiro de 1950, em Pimlico, Inglaterra) é um compositor e guitarrista britânico. Ganhou fama como um dos integrantes da banda de rock progressivo Genesis, da qual tornou-se membro em 1970. Hackett permaneceu por oito álbuns, deixando a banda em 1977 a fim de iniciar uma carreira solo. Em 1986 Hackett cofundou o supergrupo GTR junto com outro guitarrista de rock progressivo, Steve Howe do Yes e Asia. Lançaram um álbum auto-intitulado no mesmo ano, que atingiu a 11ª posição da Billboard 200 nos Estados Unidos. Com sua saída da banda em 1987 o grupo acabou terminando suas atividades. Hackett então reassumiu sua carreira solo e vem lançando álbuns e participando de turnês desde então. Também fez uma participação especial no primeiro álbum de Ritchie, Vôo de Coração em 1983, compôs em parceria com o conterrâneo radicado no Brasil a música-título e gravou o solo de guitarra, que o próprio já assumiu ser um de seus favoritos. Steve Hackett também ficou famoso por ser o criador da famosa técnica de tapping, muito popularizada por Eddie Van Halen.

Steve Hackett - (1975) Voyage of the Acolyte


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Phil Collins: Philip David Charles Collins, (Londres, 30 de janeiro de 1951), mais conhecido como Phil Collins, é um músico britânico. Foi baterista e vocalista da banda Genesis, mas também atingiu êxito na carreira solo. Phil Collins já colaborou com vários artistas conhecidos, como Bone Thugs'N'Harmony, Paul McCartney, George Harrison, Eric Clapton, Roland Orzabal, Roger Taylor, Robert Plant, Ringo Starr, John Lennon,Elton John, Mike Oldfield, Sting, Anni-Frid Lyngstad do ABBA, Mark Knopfler, Peter Gabriel, e Bee Gees. Fez uma participação especial em Woman in Chains, do Tears for Fears, também participou do álbum Break Every Rule de Tina Turner, tocando bateria em músicas como Typical Male e Girls, e também colaborou com a banda Led Zeppelin no Live Aid, tocando bateria. Depois que Peter Gabriel deixou o Genesis em 1975, Collins assumiu os vocais. Esse foi o período de maior sucesso comercial da banda, que continuou através dos anos 80. Enquanto trabalhava tanto como vocalista quanto de baterista, dava os primeiros passos de uma bem-sucedida carreira solo. Phil Collins é considerado por muitos responsável pela transformação POP do Genesis, que após o hit "Follow You, Follow Me", se distanciou do Rock Progressivo. Eu não sou muito chegado no Genesis, era Phil Collins e também na carreira solo. Embora tenha tido muito sucesso, é muito POP para meu gosto. Mas considero Phil Collins um grande músico e um grande batera. Segue um trabalho paralelo de Phil, com uma excelente banda de Jazz Rock Fusion, a Brand X.

Brand X - (1975) Unorthodox Behavior




E, caso cruzem com um dos integrantes do Genesis, eles estão assim hoje:




ENJOY!!!!

10 comentários:

  1. Puta postagem, realmente uma forma diferente e leve de apresentar tão densa história, cada um vê o elefante como o toca diz a história dos 3 cegos.
    De minha parte só posso dizer parabéns mesmo, do fundo do coração.
    Enjoy!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. Fala Dead, fiz em sua homenagem... Muitas vezes nos perdemos em palavras e suposições para demonstrar admiração e respeito, mas a atitude está acima de qualquer discurso. É um prazer enorme postar aqui neste espaço nobre. Conte comigo... Um grande abraço

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  3. Noooossa, Véio. Belo post e belas palavras. Parabéns. Um grande abraço.

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  4. Véio, Eu pensei que vc ia colocar um Susudio Pop Dance do Phil Collins. Desci rapidinho para ver, mas teve juízo!!! Ia estragar o post.Abs

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  5. Anônimo8:58 PM

    Pessoal, aguardem que meu post está chegando. Grandes posts do ZM, Java, Valvulado, Gustavo... Véio, muito bom este seu tb.
    Dead, daqui a pouco vai precisar de senha para postar aqui, hehehehe.
    abs

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  6. Nem o Véio teria essa ideía seu maluco,rs. É Breu pode ser uma boa idéia, quero ver a hora que encavalar e tem mais, nenhum tira público do outro só aumenta.
    ré,ré,ré
    Enjoy!!!!!!!!!!!!!!!

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  7. Fala aí, rapaziada. Véio, excelente post e texto muito bem organizado... A única ressalva é que eu gosto de Follow you Follow Me, mas gosto mais de I know what I like. Não tinha reparado que o disco And Then there three foi o divisor de águas PROG-POP do Genesis. Muito bom mesmo.
    Dead, tem vários post no Rascunho... Vc atiçou a moçada.
    Abs
    Java

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  8. Véio,

    De forma sucinta e extremamente objetiva você está proporcionando aos mais jovens, uma oportunidade única de conhecerem um dos maiores ícones do rock progressivo de todos os tempos.....

    Para nós, “dinossauros” do rock, está sendo um prazer enorme em relembrar a história e os fatos marcantes que envolveram a banda e seus membros ao longo de suas trajetórias........

    Bicho, não há muito mais o que dizer, pois você produziu o texto de forma brilhante e ele por si só, é uma prova irrefutável da qualidade e precisão dos fatos.......

    Muitíssimo obrigado por estar doando seu precioso tempo e sua inteligência, nos brindando com esta rica biografia........

    PARABÉNS MESMO!!!!!!

    Um forte abraço,

    Gustavo

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  9. Gustavo, muito obrigado. Fico lisonjeado com este reconhecimento. Abraço

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  10. Véio, post matador. Parabéns mesmo!
    Uma de minhas mais antigas paixões e certamente no Top-5 de minhas bandas progressivas favoritas (tanto com PG quanto com PC).
    Vou aproveitar e baixar o "Anthony Phillips - Private Parts And Pieces" que eu nunca ouvi...!
    Muito obrigado pelo excelente e ricamente detalhado post!

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